PORÉM SE LEREM, SAIBAM OS PERIGOS QUE CORREM OS QUE LEEM.
“Saibas que, uma vez envolvido na leitura, seu pobre filho não se deterá diante de nenhuma má ação: se atreverá a pensar por si mesmo, desobedecerá os farsantes embora usem uma roupa até os pés, tentará descobrir as causas do mundo físico e social que nos cerca, em lugar de repetir as orações usuais e talvez até chegue a se convencer de que um bom comerciante ou um bom tecelão são pessoas mais úteis para seus semelhantes que um rufião de sobrenome ilustre ou um general de cavalaria. Daí a blasfemar contra a imprescindível tortura ou até mesmo pedir a abolição do Santo Ofício é só um passo. Saibas que os estimo, amiga minha, mas não me peças que eu seja seu cúmplice em tais delitos.”
(Dissertação irônica de Voltaire sobre “os perigos da leitura” em resposta à Condessa de Montoro, que pedia conselho ao Enciclopedista sobre as leituras que deveria recomendar ao seu filho).
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